quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

TROVINHA PRETENSIOSA

Eu não sou poeta.
Sou só um trovador.

Queria ser poeta de rima certa,
pra saber falar de amor.
Pra escrever coisa bonita,
pra falar do que acredita.
Pra dizer o que sonhou,
e sonhar com quem amou
QUEM SABE?

Quem sabe o que passa na minha cabeça, lá dentro?
Escondido, camuflado no meu sentimento?

Um mistério profundo, insondável?
Alguma coisa bem grande, inimaginável?
(Ou inconfessável?)

Quem sabe? Eu não. Ninguém.

Vale a pena mexer, futucar?
São lembranças passadas, ou nada?
Ou é tudo que se deve guardar?
É uma coisa sentida, pensada?
Ou martírios da vida do além?

Quem sabe?

Eu não.
Ninguém.
IRMÃO

Saímos do mesmo buraco.
Mamamos do mesmo peito.
Farinhas do mesmo saco.
Criados do mesmo jeito.

Porquê não existe amizade,
carinho, fraternidade?
Se somos irmãos de verdade,
porquê a distância, a maldade?

Meu irmão é hoje um amigo.
Trocamos ideias, nos damos abrigo.
Conheci outro dia, acaso da vida.
Dividimos do fel e do mel da bebida.

Queria você, irmão da barriga!
Poder te amar e ser seu amigo.
Brigar com você, esquecer toda a briga.
Contar com você, você contar comigo.

Meu caminho é o meu. O seu é o seu.
Nos afastamos. Não quisemos. Não deu!
Você representa conhecido antigo,
de quem já gostei... Não é meu amigo.

AMIGO
É tão nom ouvir um amigo.
Melhor ainda ver e falar!
trocar idéias, ver um sorriso.
Ouvir histórias, desabafar.
Quando ocorre casual afastamento,
a amizade não acaba, nã esmorece.
É energia viva na força do pensamento.
A distância não afasta (Amizade não se esquece).
Obrigado por ligar, de mim lembrar.
Estou feliz por te encontrar, te abraçar.
Nossa amizade é muito grande. Não podia terminar.
Não te cobro o silêncio, pois eu soube te escutar.
MINHA MENINA
(para Ana Maria)
Ontem olhei seu corpo. Adorei sua nudez!
Sem tocar você, senti sua maciez.
Fiz amor. Foi bom! Lindo, como eu imaginei.
Olhei cada detalhe e em cada curva delirei.
Ah! Você me enlouquece, envolta numa nuvem de mistério.
Rasgo a roupa. Te agarro!
(pronto! Saí do sério)
Em seus pêlos me embaralho, me amarro.
Doce fêmea, anjo lindo. Eu te quero!
Sentir seu corpo, a pulsação acelerada.
A loucura bendita deste amor que me domina,
faz a vida parecer abençoada, nos teus seios de mulher,
minha menina!
Eu te adoro! Sou um louco apaixonado!
A beleza dos seus olhos me ilumina!
O calor da sua boca me alucina!
Eu te amo!
Amo ser seu namorado.
ESCRITÓRIO
Estou fechado, no concreto enclausurado.
Atrás da mesa, criando barriga, sedentário.
Mesa entulhada. Papéis, clipes e fumaça de cigarro.
Lá fora o sol se mexe, aves cantam, o vento sopra.
Aqui o sol é neon. Canção de rádio, em ordinária estação.
O vento? Que vento? O ar é condicionado - filtrado.
Lá fora há vida e há morte.
Aqui também há vida, se arrastando para a morte.
Existe o lado bom, aqui como lá:
Convive-se, ri-se, desespera-se... com hora de início e de fim.
Existem colegas. Às vezes amigos.
(escrita em julho de 1990, quando eu trabalhava em um escritório)
PALAVRAS DOS MEUS PENSAMENTOS
As ideias foram crescendo.
Os poemas e impressões passados para o papel foram se avolumando e tornaram a pequena pasta azul que eu tinha em 1990 muito pequena para tantos papéis soltos. Aí eu passei pra um caderno espiral, que se encheu e foi parar dentro de outra pasta junto de mais um monte de papel solto (relaxado, como um poeta deve ser?).
Ali, as palavras de meus pensamentos (muita bobagem incluída) dormiu por anos e anos, até que minha mulher e filhos, numa atitude generosa, vendo mais qualidade do que realmente existe no que escrevi, como fazem as mulheres e filhos amorosos, selecionaram algumas bobagens e maluquices, que chamaram de poesias e as publicaram em um livro a que intitularam "Deles para mim, por mim. (sem que eu saiba)" e distribuíram aos amigos e parentes na festa dos meus 50 anos.
A generosa e boa intenção de meus filhos e de minha mulher tropeçaram na incompetência de uma "revisora" que eles pagaram para fazer o lay-out do livro e para digitar o material, e, neste processo, erros grosseiros de português e alterações de estrofes e de palavras aconteceram, enfeiando e desconfigurando várias poesias (ou bobagens) que escrevi.
Os erros da "revisora", no entanto não conseguiram enfeiar a homenagem e o carinho da minha turma querida. Aqui, a intenção realmente foi o que valeu.
Como há erros feios e como alguma coisa não foi publicada, sucumbo à modernidade e exponho minhas entranhas, como uma forma de disseminar ideias (agora não tem mais acento, veja só), compartilhar emoções e contar alguma história com ou sem fotos, além de destinar o espaço a debates e discussões de assuntos diversos. Afinal, "salvar o mundo" fazendo poesia é muito gostoso.
Bem vindos!